«Obra ao Rubro» António Gil

Título: Obra ao Rubro
Autor: António Gil
Coleção: Luar de Poesia
Género: Poesia
Ano: 2012
ISBN: 978-989-8524-29-4
Formato: 14,5 x 20,5 cm
Páginas: 102
P.V.P.: 10,00 €





No Início é a matéria que ansiosa se revolve fervilhante de vida, incontida e feroz na sua vontade dolorosa de emergir. Nessa luta interior, tão agressivos são o silêncio quanto o grito: esse intenso pavor ("e se a noite te submergir?") e esse inelutável "voraz instinto" de sobrevivência das Palavras são MAGMAS que violentamente geram IRRUPÇÕES. Fluem então os versos, agora libertos, banham-se de luz e não mais temem a noite, já "neutra", pacificada. Assistem os Elementos ao fluir das sílabas ("são filhos do vento que uiva/ irmão da água corrente") e à presença de um Bem maior que o permite. O mundo expõe-se à palavra, manso, e o poeta "valsa", "por vezes (...) feliz" adivinhando a estabilidade que se avizinha em ARAS.
É o tempo propício para FLUXOS , o momento da celebração, da manifestação da energia benfazeja, "sem custo nem artifício", que cobre a escrita do tom cristalino do rubi, da leveza e da "fragrância do incenso".
Em AURAS atinge a Obra o reconhecimento de si própria e da sua iridescência, no regresso que faz ao seu cerne, na contemplação quieta do seu ser, na harmonia merecida e encontrada. O poema é então lar, abrigo, afago, consolo e festa.
Obra ao Rubro perfaz um caminho, mas só aparentemente o termina: o caminho do Amor, por natureza febril e intenso, ameno e tempestuoso encontra em si a energia que perpectua uma luta maior : "até entre nós não haver distância".
Assim , pois que não termina nunca esta demanda, cada poema será sempre uma surpresa genial, um passe de magia, uma "partida" que nos prega o Poeta com o seu riso de menino...

M. J. Giesteira